O dia 21 de novembro é a data na qual se comemora o Dia da Homeopatia, foi oficialmente instituído em homenagem à chegada em terras brasileiras do homeopata francês Dr. Benoit Jules Mure (1809-1858), a bordo do navio Eole, junto com 100 famílias provenientes da França.
Nascido em uma família rica de Lyon, prematuro de 7 meses, com graves problemas de saúde, formou-se médico em Montpellier, reduto da medicina vitalista.
No ano de 1833 é salvo pela homeopatia, de um quadro de Tuberculose, pelo Conde Dr. Sebástien des Guidi, discípulo de Hahnemann e que introduziu na França a homeopatia.
Torna-se pupilo de Hahnemann em Paris e começa a divulgar a homeopatia na Europa, principalmente na Itália e França.
Na França ingressa no movimento que segue a doutrina social de Charles Fourier com ideais socialistas, vê nessa associação a possibilidade de discutir e divulgar suas idéias por meio das publicações deste movimento.
Devido a seu perfil inquieto, tenaz, utopista e inconformado, e associado com a elite operária, surgiu a idéia de estender o projeto de colonização social, baseado nas idéias propostas pelo faurerismo, para além das fronteiras da França.
Em 21 de setembro de 1840, em conversa com o cônsul brasileiro em Paris, ficou oficializada a vinda do Dr. Mure ao Brasil.
Chegando ao Rio de Janeiro, começa a clinicar e a difundir a homeopatia no bairro da Lapa.
Bento Mure como passa a ser conhecido no Brasil, após autorização do governo imperial brasileiro, em 22 de dezembro, parte junto com as 100 famílias a colonizar a península do Saí, na divisa do Paraná com Santa Catarina, visando criar um falanstério, uma colônia industrial com pessoas qualificadas que fabricariam máquinas a vapor.
Após diversos problemas, a colônia do Saí não chega a prosperar, obrigando Mure a voltar ao Rio de Janeiro em meados de 1843, mas sem antes instalar o Instituto Homeopático do Saí e uma Escola Suplementar de Medicina sob a orientação do Dr. Thomaz da Silveira.
No Rio de Janeiro, em Dezembro de 1843, junto com o médico português e discípulo Vicente José Lisboa, fundou-se o Instituto Homeopático do Brasil, na Rua São José 59, propagando a homeopatia em favor dos escravos, pobres e excluídos pela sociedade, já que era um tratamento barato e eficaz, sendo um entusiasta de uma medicina social mais efetiva. Posteriormente no mesmo endereço, cria-se a escola de formação homeopática, a Escola Homeopática do Brasil, para formação dentro dos princípios hahnemannianos puros.
A partir desta iniciativa, criam-se novos consultórios na cidade e no interior do Rio e São Paulo expandindo a atividade homeopática. Inaugura-se também, o que viria a ser a primeira farmácia homeopática do país, chamada de Botica Homeopática Central assim como a Casa de Saúde Homeopática na Chácara do Marechal Sampaio, fundada em 1846.
Em 1847, Mure e seus companheiros editam a revista “A Sciência”, com o intuito de difundir os progressos da homeopatia.
Após desentendimento com o Dr. Domingos de Azevedo Coutinho Duque de Estrada e outros colaboradores, Dr.Mure em 13 de abril de 1848 deixa o país, porém como legados ficam mais de 75 dispensários, as obras “Patogenesia Brasileira e Doutrina da Escola Médica do Rio de Janeiro” e “Prática Elementar da Homeopatia”, esta com uma tiragem de mais de 10.000 exemplares, que ajuda a reduzir a taxa de mortalidade de 10% para 2 a 3%, entre os escravos das plantações de cana de açúcar, além de ter formado mais de 500 alunos.
Dr. Bento Mure acaba falecendo em 4 de março de 1858, no Egito, quando se preparava para voltar ao Brasil.