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Uso de medicamentos homeopáticos no tratamento da pleuropneumonia em equino

Victor Feichas Szpunar (Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia (ABRAH)); Monica Lente Fernandes (Médica Veterinária Autônoma); Maria Luiza Delavechia (Hospital Universitário Veterinário Firmino Mársico Filho - Universid

RESUMO INTRODUÇÃO

A pleuropneumonia é uma doença comum e em muitas vezes grave que acomete equinos, principalmente da raça Puro Sangue Inglês (PSI). Eventos estressantes como transporte prolongado, procedimentos anestésicos e doença viral aguda podem predispor o desenvolvimento desta doença do trato respiratório inferior. Inicialmente ocorre o envolvimento bacteriano no parênquima pulmonar evoluindo para o aparecimento de abscessos pulmonares, pneumonia e posterior evolução à pleura visceral e espaço pleural. A reação inflamatória da pleura visceral pode levar ao acúmulo de líquido no espaço pleural pelo aumento da permeabilidade capilar, culminando na invasão bacteriana ao fluido até que este adquire aspecto fibrinopurulento. Em seguida, os fibroblastos se desenvolvem no exsudato das pleuras produzindo uma membrana inelástica que reveste o pulmão e o torna afuncional. Uma das bactérias aeróbias mais frequentes na pleuropneumonia equina é o Streptococcus spp. β-hemolítico, enquanto nas anaeróbias há Bacteroides spp. e Clostridium spp. Os sinais clínicos são febre, anorexia, depressão, tosse, angústia respiratória, marcha rígida, dor no tórax, perda de peso, edema esternal e de membros e cólica (1,2). Exames ultrassonográficos revelam não só a presença de grande quantidade de fluido pleural como também a quantidade de corpos fibrinóides formados (3). O tratamento consiste na antibioticoterapia e drenagem do fluido. O prognóstico é reservado. A sobrevivência e retorno as atividades atléticas normais depende da severidade e duração da doença, assim como de possíveis complicações (1,2).
Tendo em vista a toxicidade das drogas antimicrobianas existentes e o prognóstico reservado, principalmente na cronificação do processo mórbido a homeopatia é uma opção para redução dos efeitos adversos, acelerando o retorno ao estado de saúde.
O objetivo do trabalho foi avaliar o resultado do tratamento homeopático em animal com pleuropneumonia.

 

MATERIAL / MÉTODO

Equino da raça PSI, 2 anos, fêmea, foi atendido no Jockey Club de São Paulo. O animal há quatro meses apresentava alterações clínicas como febre persistente, dor, tosse, taquicardia, taquipneia, anorexia, caquexia (Figura 1) e dificuldade de locomoção. Quadro compatível com pleuropneumonia confirmada através de exames ultrassonográficos que revelaram presença de fluido anecóico e formações fibrinóides no espaço pleural (Figura 2). Durante quatro meses o animal foi submetido à antibioticoterapia com diversos fármacos sem resultados satisfatórios. No momento do atendimento a paciente utilizava por via oral 4g de azitromicina e 1g de fenilbutazona. Esta prescrição foi mantida.
Foram prescritos Bryonia alba 6CH, três vezes ao dia e Echinacea angustifolia 6CH na mesma frequência. Posteriormente optou-se pela inclusão de Phosphorus 6CH uma vez ao dia. A drenagem por toracocentese (Figura 3) era efetuada quando ocorria grande acúmulo de líquido visualizado através de exame ultrassonográfico. Após 40 dias deste tratamento foi submetida ao procedimento de toracotomia do hemitórax esquerdo para retirada de conteúdo fibrinóide e líquido seroso e para efetuar lavagem com solução de permanganato de potássio duas vezes ao dia. O uso de fenilbutazona 4g foi mantido em quadros febris alternando com dipirona sódica 25mg/Kg. Devido à persistência da febre introduziu-se TK 30CH em dias alternados.

 

RESULTADO

Após 35 dias de tratamento o hemitórax direito já não apresentava mais líquido. A medicação foi mantida dando continuidade ao tratamento do hemitórax esquerdo. O animal voltou a se alimentar normalmente. A febre se manteve contínua sendo controlada com Fenilbutazona.
Completados 40 dias a toracotomia do hemitórax esquerdo foi efetuada devido à persistência na produção de líquido. A medicação foi mantida e introduziu-se o TK 30CH para controle da febre, através de um retorno à autorregulação, inclusive. Os picos febris se tornaram mais espaçados. Decorridos mais 21 dias a paciente manteve a temperatura corporal dentro dos padrões de normalidade sem novos picos febris. Com 110 dias de tratamento homeopático e 70 dias após a cirurgia o hemitórax esquerdo completou sua cicatrização e não havia mais produção de líquido. A azitromicina foi retirada mantendo-se apenas os medicamentos homeopáticos com exceção do TK 30CH que foi retirado após 50 dias de sua utilização em dias alternados.
Até o presente momento o animal encontra-se clinicamente estável e sem recidivas da pleuropneumonia (Figura 4). Bryonia alba, Echinacea angustifolia e Phosphorus foram mantidos por mais 60 dias após melhora do quadro clínico.
O processo infeccioso inicial assumiu caráter crônico primeiramente devido à tendência tuberculínica do paciente. Tal tendência associada à debilidade orgânica gerada pela infecção propiciou a manutenção da reação inflamatória levando ao aumento da temperatura corporal e das frequências cardíaca e respiratória, sintomas característicos da fase hepato-humoral do Tuberculinismo. A paciente deste estudo segue padrão biotipológico fosfórico, tornando o desenvolvimento do Tuberculinismo compatível (4).
Mesmo não tendo o resultado desejado a antibioticoterapia foi mantida para evitar possíveis alterações no estado de saúde. Os resultados observados podem ser explicados a luz da Homeopatia Sistêmica, sendo que Bryonia alba e Echinacea angustifolia foram utilizadas como medicamentos circunstanciais, agindo no processo agudo de acordo com o tropismo por serosas, ação em bronquites, pneumonias, pleuropneumonias e pleurites como descrito na matéria médica de Bryonia e ação em doenças infecciosas e febris com estados adinâmicos em se tratando de Echinacea (4,5). O Phosphorus foi utilizado como medicamento sistêmico, atuando na totalidade dos sintomas apresentados, enquanto o TK, como medicamento diatésico, visando o controle da febre não obtido através de outros medicamentos (4). A toracotomia se mostrou útil ao acelerar o processo de melhora reduzindo o desconforto ocasionado pelo fator mecânico de compressão do pulmão pelo líquido presente e pelos filamentos fibrinóides formados.
A acentuada melhora clínica após introdução dos medicamentos homeopáticos diante da resposta insatisfatória à alopatia demonstra a eficácia da terapêutica homeopática.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1 – Sweeney CR. Pleuropneumonia. In: Smith, BP. Medicina interna de grandes animais. 3ª ed. Barueri: Manole; 2006. p. 500 – 4.
2 – Newton JR, Wood JLN, Hinchcliff KW. Bacterial infections of the respiratory tract of athletic horses. In: Equine sports medicine and surgery: basic and clinical sciences of the equine athlete. 1st ed. Philadelphia: Saunders; 2004. p. 686 – 94.
3 – Wilkins PA. Interstitial pneumonia. In: Current therapy in equine medicine. 5th ed. Missouri: Saunders; 2003. p. 421 – 24.
4 - Carillo Junior R. Homeopatia, medicina interna e terapêutica. 2a ed. São Paulo: Homeolivros; 2007. 184p.
5 - Vijnovsky B. Tratado de matéria médica homeopática. Vol. 1. São Paulo: Editora Organon; 2003. 782p.

 

Palavras-chave: Homeopatia, pulmão, Puro Sangue Inglês



ANEXOS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4