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Uso de medicamentos isoterápicos no tratamento da papilomatose oral canina

Índia Clara Limeira Souza de Medeiros (ABRAH/IHB) Maria Luiza Delavechia (ABRAH/IHB/UFF) Daniele Mello Cunha (ABRAH/IHB) Victor Feichas Szpunar (ABRAH) Daiana Ângelo Gomes Santana (UFF/ABRAH)

RESUMO INTRODUÇÃO

A papilomatose oral canina é uma doença viral, causada pelo Papilomavírus oral canino (COPV), caracterizada por proliferações mucocutâneas benignas de origem epitelial. Estas massas possuem aspecto pálido e macio, de forma pedunculada ou em couve-flor, e são múltiplas, surgindo na mucosa labial, nasal, oral e faríngea. O vírus infecta primariamente as células epiteliais basais aumentando sua atividade mitótica, e esta proliferação desordenada causa o surgimento das excrescências cutâneas (1).
O COPV afeta predominantemente os cães jovens ou imunocomprometidos e, em geral, tendem a regredir espontaneamente em 4 a 8 semanas. Em alguns casos, a regressão completa pode demorar anos. Nos cães imunocomprometidos a infecção pode ser persistente, impedindo a resolução espontânea dos papilomas. A transmissão se dá de cão para cão, de forma direta e indireta (2) (3).
Em geral, estas massas não comprometem a qualidade de vida do animal, e por serem de resolução espontânea, não requerem tratamento. Porém, dependendo de seu tamanho e localização, podem impedir a respiração e a deglutição, e neste caso, é recomendada a ressecção cirúrgica destas massas. Os casos refratários podem se beneficiar das vacinas autógenas, as quais são elaboradas a partir de papilomas retirados do próprio animal (1).
Os Isoterápicos são preparações medicamentosas obtidas a partir de insumos relacionados com a patologia do paciente.
O objetivo do presente trabalho é avaliar os resultados do tratamento homeopático da papilomatose oral em um cão adulto, utilizando medicamentos isoterápicos.

 

MATERIAL / MÉTODO

Cão, sem raça definida, sexo feminino, com um ano e meio de idade, foi atendida no setor de Homeopatia do Hospital Universitário Veterinário Firmino Mársico Filho (Faculdade de Veterinária - Universidade Federal Fluminense), apresentando múltiplos papilomas dentro da cavidade oral, nos lábios e mucosa nasal. O animal havia sido resgatado das ruas havia 5 meses, em estado de saúde precário e péssima condição corporal. Os papilomas foram percebidos pela proprietária havia cerca de um mês, e o animal havia sido submetido a tratamento sem sucesso com tintura de Thuya, Timomodulina e Infervac® (ambos estimulantes do sistema imunológico).
Os papilomas estavam presentes na cavidade oral e mucosas labial e nasal. Os papilomas da cavidade oral tinham aspecto róseo, achatado e irregular, de tamanhos variados; uma das massas se encontrava muito próxima da faringe, causando incômodo à deglutição. As massas labiais possuíam coloração esbranquiçada e formato mais regular, sendo de tamanho pequeno. Na mucosa nasal, eram encontradas duas massas, de aspecto esbranquiçado e formato irregular (Figura 1).
Foram prescritos Papiloma 30CH (6 tabletes) e Autobioterápico de sangue 6CH (líquido, solução alcoólica 30%, 6 gotas), 3 vezes ao dia.

 

RESULTADOS
Após 13 dias do início do tratamento, os papilomas labiais começaram a se destacar da mucosa, assim como as massas localizadas na mucosa nasal. Os papilomas na cavidade oral começaram a diminuir de tamanho, até eventualmente, desaparecerem. Cerca de dois meses após o início do tratamento, o animal apresentava remissão total dos papilomas, tanto na cavidade oral quanto na mucosa labial e nasal (Figura 2).

DISCUSSÃO
O tratamento baseou-se num princípio terapêutico isopático, utilizando as causas ou os produtos de uma patologia ou de um órgão afetado para a remissão de sintomas. Neste caso foram utilizados o Papiloma e o Autobioterápico de sangue.
São medicamentos homeopáticos por terem sido elaborados segundo a farmacotécnica homeopática. Têm tropismo pelas estruturas acometidas e semelhança fisiopatológica com relação às consequências de falhas ou programas de ação necessários, estimulando indiretamente a Autorregulação do animal acometido. As mucosas atingidas reestabeleceram seu padrão, bem como as estruturas sanguíneas, favorecendo a recuperação do sistema sem o uso de medicamento sistêmico, constitucional ou diatésico. Evidencia-se resolução pontual de uma circunstância patológica, porém tratamento mais profundo da diátese em questão, no caso Sicose, foi indicado ao animal para que as tendências de adoecimento não ocorressem de forma tão prejudicial ao organismo.

CONCLUSÃO
O uso dos medicamentos isoterápicos foi eficaz no tratamento homeopático da papilomatose oral canina.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1 – Crawford RC, Sellon RK. Canine viral diseases. In: Ettinger SJ, Feldman EC. Textboook of Veterinary Internal Medicine. 7th ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2010. p. 958 – 71.

2 – Rassnick KM. Tumors of the skin. In: Ettinger SJ, Feldman EC. Textboook of Veterinary Internal Medicine. 7th ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2010. p. 2163 – 9.

3 – Taney K, Smith MM. Oral and salivar gland disorders. In: Ettinger SJ, Feldman EC. Textboook of Veterinary Internal Medicine. 7th ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2010. p. 1479 – 86.

4 – BRASIL. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª ed, 2011. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br

 

Palavras-chave: Nosódio, papiloma, canídeo



ANEXOS
Figura 1 Lua
Figura 2 Lua